sábado, 31 de agosto de 2013

Minha Umbanda

O terreiro que você frequenta é melhor do que o meu, ou o meu é melhor do que o seu? Afinal, qual é o melhor terreiro para se frequentar?
Tais dúvidas já afrontaram diversos membros e frequentadores da Umbanda e muitos desses ainda acham, ou afirmam categoricamente, que a sua umbanda é a única e verdadeira.
Vamos analisar para entender quem está com a razão e, acredito que as afirmações abaixo valham para o terreiro de quem está lendo este texto.
O terreiro que frequento não pratica o mal e não deseja o mal de ninguém. Lá não é feito amarração para o amor e muito menos é feito magias para as pessoas ganharem na loteria ou afins. O respeito às pessoas é o mínimo exigido. Sempre que possível, é praticada a caridade de doação de materiais ou alimentos aos mais carentes. Os guias espirituais dão bons conselhos e enchem de luz e força o ambiente quando estão presentes. A natureza também é respeitada e as matas, cachoeiras, praias, pedreiras, campos floridos, lagos, lagoas, rios, vento, raio, chuva, estrelas, o sol e a lua, são considerados pontos de força sagrados. Nenhum animal é maltratado. Não há racismo ou exclusões sociais. As crianças e os idosos são benvindos.
Somente por esses poucos exemplos, consigo mostrar que o terreiro que frequento é bom e se o seu se encaixa na maioria dos itens, ele também é bom. Mas ainda não consegui responder qual umbanda é a melhor.
A umbanda, no geral, é baseada em outras fontes de crença: kardecismo, catolicismo, cultos africanos, neopaganismo, crenças indígenas (do Brasil), entre outras. Cada terreiro dosa mais ou menos cada uma dessas crenças e, por isso, há a diferença entre os terreiros. A umbanda de Omolokô e os chamados Umbandomblés, adotam mais os cultos africanos do que o kardecismo em seus rituais. Os mestres e as umbandas de jurema, lá do nordeste, incluem mais catolicismo e rituais indígenas do que o africanismo. A umbanda de mesa branca tem muito mais kardecismo em seus rituais do que as outras vertentes. Há terreiro que não canta para Orixá. Outros não cultuam Exú e Pombagira. Tem aquele terreiro que só faz oração e ladainha para os santos. O outro, não tem atabaques. Tem terreiro sem altar e tem também o que não tem tronqueira. Existe terreiro que sacraliza o Santo Daime, ou ayahuasca. Há, inclusive, terreiro de uma pessoa só.
Ora, se cada terreiro, ou umbanda, é diferente, de acordo o seguimento escolhido pelo sacerdote responsável, não existe maneira de dizer qual deles é melhor do que o outro, pois todos estão corretos, baseados naquilo que direcionam sua fé. A escolha de frequentar este ou aquele terreiro é de cada pessoa, também de acordo com sua crença e ideais. A umbanda, ou as umbandas, assim como as demais religiões refletem aquilo o que cada frequentador busca em sua vida, então o gostar de um templo, se identificar com ele ou não, pode representar o indivíduo se encontrando com um grupo que pensa e compreende a vida e o universo de maneira similar.
Então, se uma umbanda é diferente de outra, por causa de seus rituais, assim como seus frequentadores escolheram aquilo que é melhor para eles, não podemos afirmar, em nenhuma hipótese, que esta umbanda é melhor do que a outra, menos ainda, que este terreiro pratica a verdadeira umbanda e o outro não! Não existe uma única umbanda verdadeira, pois todas são verdadeiras! Isso é, inclusive, um paradoxo: essa umbanda é tão verdadeira quanto à outra, apesar de suas diferenças.
O ponto que quero chegar é o seguinte: tente, aos poucos, tirar o véu de competição que os homens carregam na frente de seus olhos. Tente ver e entender as diferenças, mantendo o devido respeito, e um novo horizonte se abrirá. Ao visitar um terreiro, que não o seu, não busque encontrar os erros e os problemas, mas procure ver as coisas boas que podem fazer por sua vida ou para a sua fé na umbanda; não critique se este parece ser kardecista ou se o outro se parece com o Candomblé; não duvide da opinião de um sobre a fundação, ou não, da Umbanda por Zélio Fernandino de Moraes, ou quem quer que seja. As diferenças entre as umbandas e o respeito entre elas é que fazem a Umbanda se tornar una. A única crença que talvez possa ser taxada de "errada" é aquela que não permite aos seus frequentadores o direito de saber seus fundamentos e intenções.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O SABOR DA CAMINHADA

A vida parece muitas vezes difícil. 
Eu sei! E você ainda diz, meu filho, que a vida é dura... 
Pai-velho lhe fala com todo o carinho que essa dureza da vida é só aparência, pois, se a vida lhe parece dura, é porque você é mole.
O vencedor na vida é aquele que não abandona a jornada e prossegue confiante, superando os obstáculos. 
Numa corrida, o atleta encontra naturalmente os desafios a vencer e muitas barreiras que exigem mais disposição, firmeza e coragem. 
Nenhuma vitória é conquistada sem lutas.
Se você adotou uma idéia, uma doutrina ou filosofia, não espere que as coisas sejam fáceis para você. 
Surgirão dificuldades, que servirão de teste para averiguar sua competência e seus valores.
Se você empreende um negócio, não seja imaturo a ponto de pensar que tudo será como um mar de rosas. 
Como todo ser humano, você só atingirá a tranquilidade após o esforço da conquista.
Sem aqueles espinhos, sem as pedras e desafios ou as sinuosidades do caminho, não aprenderíamos o valor das experiências, nem teríamos noção da grandeza da vitória. 
Enfim, sem os obstáculos, meu filho, ninguém conseguiria saborear a vida e o viver.
Aprenda a viver e caminhar, a sentir o sabor do percurso, e quem sabe você não perceberá a beleza da paisagem?
Não espere a vitória plena a fim de se alegrar, de se descontrair ou usufruir as coisas boas.
Aproveite a caminhada e aprecie a beleza ao seu redor durante a jornada. 
A viagem rumo à vitória é mais saborosa em seu percurso que na linha de chegada.
Se lhe parecem difíceis os dias e você se encontra ligado ao trabalho nobre e ao compromisso com o Alto, imagine como seria, então, caso você estivesse desligado da fonte sublime que alimenta sua alma.
Honre, portanto, a oportunidade que Deus lhe concedeu e, aprendendo a ampliar seus próprios limites, prossiga fiel ao chamado divino. 
A sua felicidade é permanecer conectado à seiva viva do amor.
Pense nisso e reavalie suas decisões.
Extraído do livro "Sabedoria de Preto Velho".