sábado, 11 de maio de 2013

A Vocação de ser Benzedeira


Elas fazem parte da cultura popular. A maioria é de uma generosidade incrível. Por mais antiga que seja a tradição, as benzedeiras se encontram mais vivas do que nunca. Basta ter vocação e força de vontade. Mesmo com a medicina avançada, muitas pessoas recorrem a elas para os diversos tipos de cura. Sejam os chás, a reza de água benta, “benza” para dor de cabeça, quebrante, picada de inseto, entre outros. Elas têm as respostas para as perguntas da medicina: as benzedeiras.
Para encontrá-las não há endereço. Basta perguntar nas ruas que logo alguém conhece ou já ouviu falar delas. Na maioria são velhas e simples. É olhando para o rosto e contando suas rugas que encontramos a idade delas. Quem acredita em benzedeira, jura que elas fazem milagres. Muitos criticam, outros pensam que é pura bobagem. Há ainda os que dizem que é “coisa de bruxaria”, mas ninguém se atreve a falar isso na frente delas.
No interior da cidade de Agudo, no estado do RS, vive a benzedeira Irena Katza Becker, 82 anos, viúva, mãe de um filho. Irena, nome complicado de pronunciar, mas fácil de se deixar levar pelos olhos claros que transmitem bem-estar. Benzedeira assumida com muito orgulho, Rena, como é mais conhecida, parou de benzer há dez anos, pois se considerava acima da idade. “Parei porque tinha que cuidar mais de mim”, disse Rena.
Os ensinamentos foram passados pelo avô quando Rena tinha apenas 10 anos. Muita nova, já sabia que nos benzimentos encontraria a cura para muitos males. “Benzo para dor de cabeça, mordida de aranha, quebrante”, explica Rena. Ela fala pouco. As palavras e os entendimentos se transmitem pela expressão do rosto. E que rosto. Que olhar. Um olhar profundo digno de uma benzedeira que cultivou sabedoria durante sua vida.
Não muito longe de Agudo, em Vila Rosa, interior de Restinga Seca, mora sozinha numa casa modesta, mas aconchegante, Dona Arcelina Ferreira Preste, 71 anos, conhecida por Lica. Natural de Sobradinho, há trinta anos veio para Restinga onde permanece até hoje. Além de benzedeira, Lica também é massoterapeuta. Ela diz: “Cuido mais da parte espiritual de Deus. Invoco em Deus por força do espiritualismo”.
Ser benzedeira, como Lica diz: “Tem que ter o dom da natureza”. Ela acrescenta: “Aprendi com meu pai que também benzia e até hoje sei olhando no olho, quem acredita ou não. Se não acredita, não ajuda”. Acreditar é um requisito importante para quem quer ser curado. Mais importante do que acreditar, é a fé. Lica esclarece: “Porque se tem fé o resultado aparece”.
Em relação a essa tradição que passa de geração para geração, Lica afirma, já com lágrimas no rosto: “Os velhos tão se indo, e os novos não se interessam. Isso é uma coisa que com o tempo vai terminar. Hoje tem tanta coisa ruim, olho grande, falsidade, e os benzimentos são apenas coisas boas”. Lica não cobra pelo benzimento. “Deus nunca cobrou para fazer o bem. Eu curo e quando a pessoa é curada, ela fica feliz e me dá um presente”.
Para não se sentir muito só, Lica cria galinhas nos fundos da casa. “Gosto de tratá-las e costumo conversar com elas”. E não pretende parar tão cedo de benzer. “Se depender da minha força de vontade vou benzer até os dias que Deus me permitir”.
O tempo ensinou muito a Lica, que é viúva, já perdeu uma filha e criou a neta. Na sala humilde, há vários porta-retratos de fotos da filha e neta que criou com muito orgulho. Simpática, adora conversar e relembrar os velhos tempos. Conta, com alegria, várias histórias sobre seus benzimentos. Ao fundo, na sala há apenas um retrato de Maria e Jesus. “É para dar sorte”. Além dos benzimentos, Lica gosta de tratar as pessoas anêmicas. Atende também aqueles que sofrem de nervos e faz vitaminas para crianças e adultos.
Se depender de Marisa Teresinha Machado Schiefelbein Bley, 36 anos, as benzedeiras vão continuar por algum tempo. Aprendeu a benzer com sua avó, aos 12 anos, e não se arrepende. “Achava interessante ela conseguir curar a dor, e então pedi a ela que me ensinasse”, comenta Marisa.
Antigamente, a relação das benzedeiras com a medicina mantinha conflitos mais acirrados. Hoje, porém, a situação já está mais branda. É o que esclarece o Dr. Mario Lutke: “Isso é uma crença que está presente na vida da humanidade há muito tempo. Anos atrás, lembro que os médicos criticavam muito o rito feito por elas. Eu não acredito, mas respeito. Isso vai da cabeça de cada pessoa”.
Frei Luis Carlos defende o trabalho que as benzedeiras realizam. “Existe muita fé nesse processo. Se fosse algo contra a palavra de Deus, mas não é. As benzedeiras, pra quem acredita, só ajudam”.
Benzer para curar. Esse ritual faz parte de um imaginário popular deste tempos imemoriais. Não importa o tempo, a classe social, a religião. Para quem acredita, a fé, muitas vezes, é mais importante que a ciência ou a razão. Mesmo com a idade avançada das benzedeiras, o amor em curar é mais forte e dispensa férias. As que já se ausentam do ato de benzer tem seus motivos particulares, a maioria é devido ao problema de saúde. As que continuam benzendo, fazem por vontade e amor. Sempre haverá quem critique e quem simpatize. Mas isso não importa. Falem mal ou bem, elas amam o que fazem."

Angelica Weise

OS FUNDAMENTOS DO CONGÁ


O congá é o mais potente aglutinador de forças dentro do terreiro: é atrator, condensador, escoador, expansor, transformador e alimentador dos mais diferentes tipos de energias e magnetismo. Existe um processo de constante renovação de axé que emana do congá, como núcleo centralizador de todo o trabalho na umbanda.
Cada vez que um consulente chega à sua frente e vibra em fé, amor, gratidão e coniança, renovam-se naturalmente os planos espiritual e físico, numa junção que sustenta toda a consagração dos orixás na Terra, na área física do templo.
Vamos descrever as funções do congá: atrator: atrai os pensamentos que estão à sua volta num amplo magnetismo de recepção das ondas mentais emitidas.
Quanto mais as imagens e elementos dispostos no altar forem harmoniosos com o orixá regente do terreiro, mais é intensa essa atração. Congá com excessos de objetos dispersa suas forças.
Condensador: condensa as ondas mentais que se “amontoam” ao seu redor, decorrentes da emanação psíquica dos presentes: palestras, adoração, consultas etc.
Escoador: se o consulente ainda tiver formas-pensamentos negativas, ao chegar na frente do congá, elas serão descarregadas para a terra, passando por ele (o congá) em potente influxo, como se fosse um pára-raios.
Expansor: expande as ondas mentais positivas dos presentes; associadas aos pensamentos dos guias que as potencializam, são devolvidas para toda a assistência num processo de fluxo e refluxo constante.
Transformador: funciona como uma verdadeira usina de reciclagem de lixo astral, devolvendo-o para a terra; alimentador: é o sustentador vibratório de todo o trabalho mediúnico, pois junto dele fixam-se no Astral os mentores dos trabalhos que não incorporam.
Todo o trabalho na umbanda gira em torno do congá. A manutenção da disciplina, do silêncio, do respeito, da hierarquia, do combate à fofoca e aos melindres, deve ser uma constante dos zeladores (dirigentes).
Nada adianta um congá todo enfeitado, com excelentes materiais, se a harmonia do corpo mediúnico estiver destroçada; é como tocar um violão com as cordas arrebentadas.
Caridade sem disciplina é perda de tempo. Por isso, para a manutenção da força e do axé de um congá, devemos sempre ter em mente que ninguém é tão forte como todos juntos.
Fonte: Umbanda Pé No Chão – Noberto Peixoto pelo Espírito Ramatis

RAMATÍS COMENTA SOBRE O BENZIMENTO


Como se produz o efeito benéfico nos tradicionais benzimentos de quebranto das crianças?
Ramatís: As criaturas que praticam os benzimentos são verdadeiros transformadores vivos, pois dissolvem o fluído do mal olhado ou da projeção mental a distância e malevolamente incrustrados na aura das crianças. Elas se ajustam muito bem no conceito dinâmico recomendado por Jesus: "Quem tiver fé omo um grão de mostarde, removerá montanhas"
Em face da maldade predominante ainda no mundo primário terreno pelo entrechoque dos piores sentimentos de raiva, ódio, ciúme, perversidade e orgulho, o benzedor é um "oásis" no deserto escaldante do sofrimento humano! Ele cura bicheiras, levanta quebranto,
alivia epilépticos, afasta mau olhado, acalma vermes, reza responso para descobrir aves e animais perdidos, defuma residências enfeitiçados, limpa a aura das criaturas contaminadas por maus fluídos, expulsa o azar da vida alheia, benze eczemas e impingens, conserta espinhela e arca caída de crianças recem-nascidas, benze de inveja ou de susto, faz simpatias que derrubam verrugas ou calos.
Mais vale a preta velha com galho de arruda , cheia de crendices e supertições invocando " Nosso Sinhô Jesus Cristo" para benzer o próximo e livrá-lo dos fluidos ruins, do que ALEXANDRE, CÉSAR,GÊNGIS KHAN, NAPOLEÃO, HITLER e todos os comandos militares do mundo, que esfrangalham corpos sadios e jovens, derramando sobre a face da terra o sangue generoso dos homens!
Mil vezes o inofensivo benzedor, humilde e analfabeto, que ajuda o homem desventurado a viver, do que o cientista, o general ou o lider político, que destroem a juventude do mundo sobre o massacre hediondo da guerra.
O caboclo inculto, pobre e ingênuo, prolonga a vida do próximo, enquanto as elites dominadoras do mundo, povoam os cemitérios de corpos trucidados. Felizes dos que se curvam ao benzimento supersticioso, que lhes ameniza a existência atribulada, do que aqueles que se subordinam ao gênio cientifico, que aperta um botão eletrônico e liquefaz milhares de criaturas sob o fogo desintegrador da bomba atômica!
Fonte: Magia de Redenção | Ed. do ConhecimentoPsicografado por Hercílio Maes, ditado pelo espírito Ramatís

OFERENDA AOS ORIXÁS


Muitos médiuns vem nos perguntar quais oferendas podemos dar no dia de determinado Orixá.
Estaremos agora passando uma receita básica que pode ser utilizada para qualquer Orixá ou Entidade.
* um pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar para as pessoas que estiverem perto ou longe de você;
* um pedaço (generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja inabalável;
* algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as intuições que recebe;
* um pacote de desejo de fazer caridade desinteressada em retribuição, para não “desandar” a massa.
Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação e determinação e venha para o terreiro.
Coloque em frente ao Congá e reze a seguinte prece:
”Pai, recebe esta humilde oferenda dada com a totalidade da minha alma e revigora o meu físico para que eu possa ser um perfeito veículo dos teus enviados. Amém.”
Pronto! Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou Entidade pode desejar ou precisar... Você se dispôs a ser um MÉDIUM!

O QUE SÃO AS ENCRUZILHADAS?


Muito se fala em encruzilhadas, mas pouco se entende. E isto nos faz lembrar o advento da Umbanda anunciada pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas.
Esse conhecimento se deturpou com os interesses escusos, onde o que é oculto tende a se desfigurar quando os propósitos não são para o bem do Universo.
Podemos encontrar as Encruzilhadas nos opostos ilusórios necessários para a evolução dos filhos da Terra, como por exemplo, o “dia” e a “noite”. E onde ela está? Nem no “dia” e nem na “noite”. Estaria, então, na “tarde”? Também não, pois a “tarde” como os filhos compreendem não passa de outra ilusão. Ilusão porque é uma realidade relativa, onde conhecer profundamente a natureza faz com que enxerguemos que Deus é o Absoluto. O que nós, seres imperfeitos, insistentemente fazemos é decretar como única a verdade que só existe em nosso ego. O desapego é arma indeferível para que consigamos combater os equívocos da mente, reencontrando-nos assim, com o Eu Interior. Caminhemos rumo a evolução!
Podemos dizer que a Encruzilhada está no cruzamento vibratório de uma coisa com outra. Como é algo muito abstrato, usamos o exemplo das ruas terrenas. Mas isso não significa que as Encruzilhadas que nos referimos são as Encruzilhadas das ruas, não! E é justamente isso que causa muita confusão mental, onde despachos são colocados no intuito de interceder algo que não está fora, e sim no interior de cada ser.
Filhos, já é chegada a hora de entender que não há outra forma de intercessão se não a caridade!
Somente através da caridade se consegue compreender o que são as Encruzilhadas. E como qualquer outro conhecimento, é essencial a prática. Quando há a prática do conhecimento, emerge a sabedoria.
É preciso vivenciar e assim também é na Umbanda! E esse é um dos motivos pelo qual a Umbanda ainda não foi codificada. Não foi criada para ser discutida, mas para ser sentida no âmago. E quando isso acontecer, não só com a Umbanda, mas também com todas as outras religiões, não haverá mais julgamentos, haverá mais tolerância e a caridade em uníssono salvará o planeta Terra!
Então é por isso que as Entidades se apresentam com “esses” nomes, como por exemplo, “Caboclo das 7 Encruzilhadas”?
Os nomes que as Entidades se apresentam são simbólicos. Através da simbologia, os homens conseguem compreender as forças da natureza que emanam do Criador, como por exemplo, os próprios livros sagrados o são.
Símbolos são figuras, marcas, sinais que representam ou substituem outra (s) coisa (s).
Simbologia é o estudo acerca dos símbolos.
Acaso há alguém, não só na Terra, mas também no Astral que não necessite dos símbolos? O próprio corpo físico não passa de um emaranhado de símbolos que a medicina terrena se esforça para desnovelar.
Aqueles que condenam os símbolos ainda não perceberam que para compreendê-los profundamente é necessário estar fora do fardo da carne, pois este é fator limitante da consciência. É como querer enxergar uma célula sem o microscópio.

UM CASO QUE NÃO É PARA EXU


No automóvel, indo apressadamente para casa, fui surpreendido com um pedido da Yedda:

- Estou com vontade de ir visitar o cemitério. – expressou.

Esses são os sinais que devem ser observados. O histórico de nunca ter demonstrado desejo de ir visitar o cemitério, nem levar flores para nenhum morto, me fazer um pedido desses, num dia comum da semana, em horário de almoço, sabendo que o trabalho profissional nos aguardava, não me fez hesitar: dei meia volta, rumando ao santuário dos mortos. Descemos, ela comprou umas flores e estávamos entrando pelo portão principal, quando adverti:

- Você, na entrada, deve, com a ponta do dedo médio bater no chão três vezes e pedir licença para o Exu Caveira; dar três passos, cumprimentar seu Omulum; mais três passos, fazer a saudação ao Exu Tranca Ruas das Almas e a todo povo do cemitério. Ensinei, pacientemente, por ter entendido ter sido seu pedido mais uma inspiração do que uma vontade.

Ela, sem se importar com que ensinei, continuou andando, e retrucou:

- Faça isso você, por nós dois.

Às vezes faço coisas estranhas. Atendi seu pedido, sem nenhuma surpresa pela reação. Ela foi, igual borboleta nas flores, parando em várias sepulturas, toda amorosa, até que, no jazigo da família dela, depositou o ramalhete de flores e começou a ajeitar os demais enfeites, deixados por outros familiares. Foi quando senti a presença forte do Exu Tranca Ruas das Almas, para variar, reclamando:

- Tenho que puxar tua mulher para cá, só para falar com você. Aquela pessoa doente está com um encosto: é o espírito da mulher que morreu na cama que ela dorme.

De fato, uma familiar nossa, estava passando momentos difíceis, pelo inesperado surgimento de incomoda depressão, sem ter tido sucesso na medicina tradicional. Estava mal, preocupando a todos, diante de estar definhando a olhos vistos, além de não poder, pela doença, dispensar toda atenção à sua jovem família. E isso nos preocupava.

Foi quando me lembrei que sua cama pertencia à uma das tias que estava enterrada no túmulo que a Yedda estava cuidando, e era uma pessoa extremamente apegada às suas coisas.

- E por que o senhor não a tirou de lá? Resmunguei, em forma de cobrança.

- Seu burro! Esse tipo de espírito, um familiar apenas desorientado, não deve jamais ser levado por exu. É trabalho para uma linha mais suave, talvez a dos pretos.

Espírito que faz isso, de forma delicada, inteligente e cuidadosa, pode fazer o mal? Não acredito! E ele tem outras histórias, cheias de moral.

OLHOS DO CORAÇÃO - CABOCLO ROMPE MATO

O corpo de Jorge repousava em seu leito em um sono dos mais profundos e foi quando o seu espírito libertou-se parcialmente do invólucro carnal que ele recebeu uma visita inusitada: um homem alto, com barba branca, rala e olhar sereno o aguardava de braços cruzados.
Fazia pouco menos de um ano que Jorge entrara na corrente mediúnica de um terreiro de Umbanda onde atuava como cambone. Apesar de amar a Umbanda e os trabalhos das entidades ele, devido ao seu gênio cético, sentia-se pouco à vontade para participar de trabalhos envolvendo obsessores.
A cada trabalho deste gênero que acontecia no terreiro ele observava atentamente a tarefa dos doutrinadores e das entidades junto a estes irmãos necessitados sendo que uma dúvida raramente saia de sua cabeça: “Será que tudo isto que vejo é realmente verdade?”.
Quando esta dúvida tornava-se por demais exacerbada em alguma gira o Caboclo a quem ele cambonava dizia-lhe:
— Firmeza no ponto filho! Firmeza nos trabalhos!
Daí então ele procurava afastar as dúvidas e concentrar-se nas orações, mas ao sair do terreiro, aos términos das reuniões, ele invariavelmente dizia aos seus irmãos de fé em tom jocoso: sou discípulo de São Tomé!
Caboclo Rompe Mato era a entidade a quem Jorge cambonava e que ali, dentro daquele terreiro, tinha a incumbência de comandar as rodas de descarrego.
Ele observava o sentimento crescente de dúvida em seu cambone a cada reunião até que em uma gira a entidade pediu a ele que assentasse no banco disposto onde aconteciam os trabalhos especiais de descarrego e em que chegavam, quando necessário, espíritos obsessores e sofredores.
Jorge já se dirigia ao banco determinado pelo Caboclo quando ainda tentou argumentar com a entidade:
— “Seu” Rompe Mato, eu estou super-bem na minha vida pessoal, familiar, nos estudos, no trabalho e não sabia que estava com problemas junto a espíritos obsessores e sofredores!
— Fio, não vamos ser pejorativos com o sofrimento alheio, chamemos o espírito que aqui se manifestará a implorar perdão como: irmão.
Jorge estava, de fato, sentindo-se muito bem e não entendia o porquê da realização daquele trabalho, entretanto em tom respeitoso ele respondeu à entidade:
— Sim senhor.
— Procure não usar muito o intelecto; ao invés disto sinta o amor divino em seu coração e procure ofertá-lo ao irmão que aqui se manifestará tão necessitado do seu perdão. Estamos combinados?
— Sim senhor!
Jorge respondera ao Caboclo sem entender o porquê da ênfase que ele dera a necessidade de perdão por parte de seu cambone por que sendo Jorge uma pessoa que não era rancorosa então ele não haveria de ter dificuldades em conceder o perdão a qualquer espírito que lhe solicitasse isto.
Mesmo sentindo-se um discípulo de São Tomé, Jorge sentou-se no banco e em poucos minutos um espírito sofredor manifestou-se em um médium que não era o mesmo que cedia o corpo físico para a manifestação do Caboclo Rompe Mato.
O sofrimento do espírito era imenso e muitas lágrimas eram vertidas enquanto ele pedia perdão a Jorge:
— Perdão! Perdoe-me Ernesto! Hoje sei que o que eu fiz foi errado, mas na época eu julgava que era amor! Perdão pelo amor de Deus!
Jorge não conseguia entender nada do que acontecia, pois desde a manifestação deste espírito, no médium de nome Carlos, um ódio inexplicável brotou do seu coração em relação ao referido sofredor.
Não suportando a curiosidade e já começando a pensar que estava enlouquecendo Jorge abriu os olhos e olhou para o espírito manifestado em Carlos, mas só que ele estranhamente não conseguia ver o médium apenas o espírito incorporado; foi quando o Caboclo Rompe Mato determinou-lhe:
— Feche os olhos fio! Abra somente o teu coração e procure fazer o que combinamos!
— Sim senhor!
O espírito berrava com todo o seu sofrer:
— Olhe pra mim Ernesto! Perdoe-me, daqui eu vejo que Renilda, nossa companheira de outrora, está de volta ao seu lado! Você não precisa continuar a odiar-me! Perdoe-me!
Enquanto tudo isto acontecia o Caboclo Rompe Mato estendeu a destra na direção do chacra cardíaco de Jorge irradiando energias que funcionavam como um bálsamo nas emoções de seu cambone.
Foi somente assim que Jorge conseguiu respirar melhor, abrandar as emoções, abrir novamente os olhos e balbuciar para o espírito manifestado em Carlos:
— Eu te perdôo! Vá em paz!
O espírito, assim, virou-se em direção ao Caboclo e perguntou:
— E então, falta pouco para eu ser livre?
— Sim meu irmão, em breve você será liberto.
— Obrigado, obrigado, obrigado!!!
Foi o que respondeu o espírito em questão antes de desincorporar.
A gira, então, prosseguiu normalmente até o seu término.
Os médiuns despediram-se com abraços fraternais antes de retornarem para os seus lares.

Jorge chegou a sua casa e, enquanto tomava um banho, encontrava-se deveras impressionado com o que lhe ocorrera na gira, mas a fome era ainda maior que sua curiosidade e ele procurou não demorar-se para lanchar. Após uma leve refeição um sono pesadíssimo o acometeu e ele foi preparar-se para deitar.
Somente quando o sono chegou foi que o seu espírito, então semi-liberto do corpo carnal, reparou na visita que recebia em seu quarto: era um homem alto, com barba branca, rala e de olhos amorosamente serenos que o aguardava de braços cruzados.
Jorge fitava os profundos olhos azuis deste homem quando este lhe disse:
— E então, vamos?
— Você desculpe-me, mas vamos aonde se eu nem mesmo lhe conheço?
— Seus olhos podem não me reconhecer, mas o seu coração sim. Feche os seus olhos e sinta quem eu sou!
Jorge fechou os olhos e então o homem estendeu sua destra na direção do chacra cardíaco dele enviando ondas de energia que subiam em direção ao chacra frontal, na direção do “terceiro olho”, como se estivesse a estimulá-lo.
Então, tomado por incontida emoção, foi que Jorge ajoelhou-se respeitosamente e disse ao homem:
— Meu coração o reconhece e saúda senhor Caboclo Rompe Mato!
— Deixe de formalidades meu filho! Faça como o de costume em dia de gira: chame a mim de “Seu” Rompe Mato.
— Sim senhor!
— E então? Vamos?
— O senhor me desculpe “Seu” Rompe Mato, mas vamos aonde?
— Ora não é você que vive dizendo aos seus irmãos de fé que é discípulo de São Tomé?
Visivelmente encabulado Jorge respondeu:
— Sim senhor!
— E você não gostaria de ver para crer se o seu perdão efetivamente serviu para auxiliar na libertação do espírito que se manifestou a pedi-lo calorosamente na gira?
— Gostaria de ver, mas não para crer, apenas para auxiliar.
— E por que não?
— Por que na última gira eu aprendi a ver pelos olhos do coração.
— Bela resposta meu filho, demonstra sabedoria.
— Na verdade eu não sei se conseguiria perdoar aquele irmão se o senhor não tivesse me doado um pouco da sua energia.
— Mas não foi a minha energia que o fez perdoar!
— Não!
— Não. A minha energia só clareou os caminhos para que você pudesse enxergar a luz do perdão divino que existe não só dentro de ti, mas de cada ser humano.
— Entendo.
— Usando um dos meus atributos eu enviei-lhe uma energia rompedora que o auxiliou a romper tristezas, mágoas e ressentimentos que estavam a obstruir o teu acesso ao caminho do perdão.
— Puxa que lindo!!!
— E então vamos?
— Estou as suas ordens!
E Jorge, acompanhado do Caboclo Rompe Mato, foi até a região umbralina interligada ao espírito que se manifestara na gira do terreiro a suplicar o perdão dele.
Havia uma espécie de complexo prisional e eles pararam em frente à cela onde se encontrava o referido espírito, mas este não conseguia vê-los. Foi então que a entidade disse a Jorge:
— Vou densificar o seu corpo astral para que o irmão encarcerado possa vê-lo. Não procure dialogar com ele, apenas abra as grades e liberte-o!
— Sim senhor!
Jorge, assim, tornou-se visível ao espírito que, fortemente emocionado, bradou:
— Ernesto! Graças a Deus! Louvado seja Deus! Vejo que de fato você me perdoou! Saiba que muitos se ofereceram para abrir este portão, mas eu tinha que recusar! Eu só poderia sair daqui e ser um homem realmente livre se o meu leal amigo de outrora julgasse que eu merecesse ser liberto por meio do seu perdão e você veio, você veio! Louvado seja Deus!
Jorge percebeu que o portão não possuía tranca alguma e então o empurrou para que a cela fosse aberta.
O Caboclo pedira-lhe que não travasse nenhum dialogo com o espírito encarcerado e olhar para aquele ser maltrapilho e que exalava odores fétidos era terrível para Jorge, mas foi procurando manifestar a essência divina do amor e do perdão que havia encontrado dentro de si que Jorge abriu amorosamente os braços e, procurando vencer a náusea, disse para o ex-encarcerado:
— Venha meu irmão, abraça-me!
Saindo de dentro da cela agradecendo a Deus pelo tamanho infinito de Sua misericórdia o espírito caminhou com passos inseguros em direção a Jorge e encaixou-se perfeitamente nos seus braços que se apertaram em torno dele com uma força de sinceridade tão pungente que acabaram levando ambos a copiosas lágrimas.
Após alguns instantes eles se soltaram e o espírito foi para uma zona de refazimento energético-espiritual acompanhado por um espírito que ele chamava amorosamente de “mãe”.
O Caboclo, então, levou Jorge de volta a sua residência após aplicar-lhe uma descarga energética desagregadora de fluidos perniciosos.
Após estes procedimentos Jorge resolveu perguntar a entidade:
— “Seu” Rompe Mato o senhor permitiu que eu tivesse esta experiência só por que muitas vezes eu duvidava se aqueles obsessores e sofredores realmente estavam manifestados nos médiuns que lhes cediam o corpo e a mente nas giras do terreiro?
— “Só” filho? Você diz “só”? Por que você se julga tão pouco assim meu filho?
— Hein? Desculpe-me, mas como?
— Filho, entenda que uma pirâmide não prescinde da menor de suas pedras, que uma corrente jamais será a mesma se um dos seus elos se partir e que, portanto, a força mental, a dedicação, o carinho e a prece de cada filho de fé é imprescindível para que a caridade possa ser praticada no andamento de uma gira, está entendendo?
— Sim senhor!
— Em uma gira você não é mais e nem menos importante que qualquer irmão de fé ou entidade: você é tão importante quanto! O próprio mestre Jesus foi quem disse isto só que nessas palavras: “Vos sois deuses, se tiverdes fé fareis coisas mais fantásticas das que eu fiz”; então, quem é este Caboclo para desmentir o mestre eterno e amado?
— Entendo.
— Mas a experiência desta noite não aconteceu somente por este motivo, mas também para acabar com quase dois séculos de culpa, dor e sofrimento, certo?
— Sim senhor!
— Então vá meu filho! Retorne ao seu vaso corpóreo por que já é dia e o sol que está nascendo vem a despertar-lhe para os seus compromissos enquanto espírito encarnado!
— Sim senhor!
— Salve Deus!
— Para sempre Seja Louvado!

-Autor Desconhecido.

- PÉS DESCALÇOS NA UMBANDA

 

Todo Umbandista já deve ter ouvido a frase “Umbanda é pé no chão”. Mas será que todos sabem o porque de ficarmos descalços em nossos terreiros?
São três motivos principais.
O primeiro é que o solo representa a morada dos nossos antepassados e quando estamos descalços tocando com os pés no chão estamos entrando em contato com estes ancestrais e, consequentemente, com todo o conhecimento e a sabedoria que esse passado guarda.
O segundo motivo pelo qual tiramos os calçados é o respeito ao solo sagrado do terreiro. Imagine que vir da rua com os sapatos sujos e entrar com eles onde nossos trabalhos espirituais são realizados seria como alguém entrar em nossa casa carregando uma montanha de lixo que vai caindo e se espalhando por todos os cantos. Diante desta situação você diria o quê? No mínimo que essa tal pessoa não tem respeito por você ou pela sua casa.
O terceiro motivo é o fato de que naturalmente nós atuamos como “para-raios” e ao recebermos qualquer energia mais forte, se estivermos descalços sem nenhum material isolante entre nosso corpo e o chão, ela automaticamente se dissipa no solo. É uma forma de garantir a segurança do médium para que não acumule ou leve determinadas energias consigo.
Além de tudo isso podemos dizer também que realizar nossos trabalhos espirituais descalços é uma forma de representar a humildade e a simplicidade do Rito Umbandista...

Pra que serve, ou qual o objetivo da defumação?


Pra que serve, ou qual o objetivo da defumação?

A defumação ao mesmo tempo em que serve como uma grande vassoura astral, serve como um imã de boas energias, cabendo aos seres daquela localidade manter um padrão vibratório alto que a localidade permanecerá com muita energia positiva.
Além de suas propriedades astrais a defumação ajuda a mente do médium e da assistência, ou dos residentes daquele local, a entrarem em contato com os guias e protetores. Ou seja, o perfume da defumação estimula nossos centros nervosos (plexos) a captarem com mais qualidade as energias superiores, mantendo a mente da pessoa mais concentrada e propícia a esta percepção.
Em todos os terreiros de umbanda iremos nos deparar com um momento chamado defumação. E como diz um de nossos pontos cantados ‘Filho quer se defuma, Umbanda tem fundamento, é preciso preparar…’
Paulo

- OS PRETOS-VELHOS NOS TRABALHOS ESPIRITUAIS DE UMBANDA:

Nos trabalhos espirituais os médiuns incorporam entidades com diversos níveis de evolução, níveis evolutivos esses que se dividem em 3:

AS CRIANÇAS:
São chamadas de eres ou ibejis.
Representam a pureza e a inocência.

OS CABOCLOS:
Nestes incluem-se os boiadeiros, caboclos e caboclas. Representam a força e a coragem. Apresentam a forma de um adulto.

OS PRETOS VELHOS:
Nestes se incluem os tios e tias, pais e mães, avôs e avós, todos na sua forma idosa, que representa o conhecimento e sabedoria, a fé.

DIGNIDADE EM SER UMBANDISTA

 

O simples fato de uma pessoa passar a compreender as coisas que muitos não compreendem o torna diferente, ora respeitado, ora desprezado, invejado ou ainda não raro odiado, distante da factual medíocre e hipócrita fase egoísta do espirito humano. Paira uma solidão cortante e uma tristeza enorme de ver que a pior deficiência humana não esta no corpo físico.
A religiosidade na Umbanda nos leva a esta reflexão, principalmente quando vemos o espirito de um Preto Velho ou Caboclo, que simbolizam as duas raças mais injustiçadas desta nossa historia, se doando ao trabalho caritativo e ainda ser alvo de julgamentos nocivos, raivosos, preconceituosos daqueles que não querem compreender e sequer se prezam aos atos de respeito às diferenças, mas QUEM TEM OLHOS DE VER QUE VEJA: que dentro dos Templos existem aqueles que adora os guias de umbanda desde que estes se disponham a resolver seus conflitos e problemas diversos e sem fim. Um após o outro.

São consulentes e médiuns vaidosos egoístas que só se sentem Umbandistas no templo, fazem do terreiro o seu palco, onde exibem-se maculando o espaço sagrado.

Não se atentam ao esforço feito pelos guias em nome de sua redenção e evolução, nem reconhecem o amor que irradia à sua volta, não bebem da água sagrada do riacho Umbandista, antes, vão apenas para lavar seus pés sujos.

Absorvidos pelas futilidades, a ilusão é concreta em sua realidade e a indiferença é a tônica. Não querem saber, desprezam o conhecimento e a reflexão.

É triste ver mensagens milenares de amor ao próximo serem entoadas como poesia, sem o minimo esforço pratico.

Nada existe mais incompatível com este mundo que o espirito livre. Todos estamos presos às nossas próprias vicissitudes. Tem que ter muita Fé, muita força de vontade para vencer, para seguir firme no caminho espiritual crendo na evolução e redenção dos seres. Temos sim que apelar ao astral superior, pois é penoso o caminho da matéria, e o risco de nos perdermos em seus atalhos uma constante.

O médium como elo de ligação entre o visível e o invisível, deve se preocupar em manter a serenidade mental e a conduta reta.

Umbanda não é brincadeira. “Umbanda é coisa séria para gente séria” (Caboclo Mirim). Não queremos e nem temos o direito de julgar ninguem, mas a observação é necessaria para formar alicerces morais e boas regras de conduta, alem do que, é dever de cada um manter sagrado o seu espaço sagrado. Precisamos de humildade, simplicidade e pureza de pensamentos, sentimentos e ações.

“A espiritualidade é uma dádiva. Ela surge para aqueles que confiam, ela acontece para aqueles que amam, e que amam imensamente” (Osho).

- TRANSPORTE E DESCARREGO

Transporte é quando um médium desenvolvido e capacitado, por determinação do astral, incorpora uma Entidade Espiritual de outro médium, talvez um consulente, que por ainda não ser desenvolvido é incapaz de incorporar este espírito. Podemos dizer que um transporte é feito, por exemplo, quando um Guia Espiritual precisa dar algum recado ao seu médium como a solicitação de uma oferenda; ou quando há a necessidade de um Guia se apresentar para aquele ainda imaturo médium fazendo-se assim mais presente na vida espiritual deste que cheio de duvidas dificulta seu desenvolvimento; ou ainda quando o Guia daquele médium ainda não desenvolvido precisa de ectoplasma, que é a energia vital presente só em seres encarnados, para se energizar ou curar seu corpo astral de ferimentos decorridos de ataques astrais negativos.

Já descarrego é quando a incorporação tem o intuito de limpeza espiritual ou descarga energética. Pode ocorrer de diferentes modos através da incorporação de Exus ou de espíritos negativos. No caso em que o descarrego é feito com a incorporação de um Exu, o médium pode incorporar seu próprio Exu de trabalho para fazer limpeza de energias negativas, para vitalizar o consulente ou para fazer negociações com outros Exus; o médium pode também incorporar o Exu do consulente, normalmente médium em desenvolvimento, para que ele possa fazer a defesa do seu médium, se fortalecer ou pedir uma oferenda para ter instrumentos e elementos de negociação; pode ainda acontecer do médium incorporar um Exu Cósmico ativado pela Lei que, por processo negativo do próprio mental do consulente, é atraído para cumprir sua função paralisadora, desvitalizando ou punindo aquele consulente diante da Lei e da Justiça Divina. Neste caso é a atuação da Lei, quando for permitido e só quando o consulente evoluir espiritualmente, que definirá quando essa atuação se encerra.

No caso em que o descarrego é feito com a incorporação de Espíritos negativos que acompanham o consulente pode acontecer do médium incorporar espíritos sofredores, espíritos doentes e com grande sofrimento, que nos trazem dor, angustia e desanimo; Eguns que são espíritos perdidos no tempo e que por afinidade, simbiose ou ação obsessiva nos negativam; ou Quiumbas, espíritos com maior poder mental negativo que por pagamento de “magias negras” ou por desejo de destruição de um médium ou de um centro atacam de forma poderosa e negativa.

Em todos esses casos o trabalho de descarrego só acontece por permissão da Lei e é a partir de um trabalho religioso, de médiuns preparados onde o único intuito é a caridade, que se tem a grande oportunidade de encaminhamento destes irmãos que necessitam de nossa ajuda para um redirecionamento evolutivo espiritual.

- ESPECIALMENTE PARA OS MÉDIUNS.

Quis o Senhor que a Luz se fizesse para todos os homens e que em toda a parte penetrasse
a voz dos Espíritos, a fim de que cada um pudesse obter a prova da imortalidade. Com esse objetivo é que os Espíritos se manifestam hoje bem todos os pontos da Terra e a mediunidade se revela em pessoas de todas as idades e de todas as condições, nos homens como nas mulheres, nas crianças como nos velhos. É um dos sinais de que chegaram os tempos preditos. Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da Natureza material, outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do espaço, e, com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Pra penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade.
Os médiuns são os interpretes incumbidos de transmitir aos homens os ensinos dos Espíritos; ou, melhor, são os órgãos materiais de que se servem os Espíritos para se expressarem aos homens por maneira inteligível. Santa e é a missão que desempenham, visto ter por fim rasgar os horizontes da vida eterna.
Os Espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem, e não para pouparem ao trabalho material que lhe cumpre executar neste mundo, tendo por meta o seu adiantamento, nem para lhe favorecerem a ambição e a cupidez. Ai tem os médiuns o de que devem compenetrar-se bem, para não fazerem mal uso de suas faculdades. Aquele que e médium, compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, religiosamente o desempenha.
Sua consciência lhe profligaria, sacrilégio, utilizar por divertimento e distração, para si ou para os outros, faculdades que lhe são concedidas para fins sobremaneira sérios e que o põem em comunicação com seres de além-túmulo.
Como interpretes do ensino dos Espíritos, têm os médiuns de desempenhar importante papel na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar guardam proporção com boa diretriz que imprimam às suas faculdades, porquanto os que enveredam por mau caminho são mais nocivos do que úteis à causa do Espiritismo. Pela má impressão que produzem, mais de uma conversão retardam. Terão, por isso mesmo, de dar contas do uso que hajam feito de um dom que lhe foi concedido para o bem de seus semelhantes.
O médium que queira gozar sempre da assistência dos bons Espíritos tem de trabalhar por melhorar-se. O que deseja que sua faculdade se desenvolva e engrandeça tem de se engrandecer moralmente e de abster de tudo o que possa concorrer para desviá-la do seu fim providencial.
Se, às vezes, os Espíritos bons se servem de médiuns imperfeitos, é para dar bons conselhos, com os quais procuram fazê-los retomar a estrada do bem. Se, porém, topam com corações endurecidos e se suas advertências não são escutadas, afastam-se ficando livre o campo aos maus.
Prova a experiência que, da parte dos que não aproveitam os conselhos que recebem dos bons Espíritos, as comunicações, depois de terem revelado certo brilho durante algum tempo, degeneram pouco a pouco e acabam caindo no erro, na verbiagem, ou no ridículo, sinal incontestável do afastamento dos bons Espíritos.
Conseguir a assistência destes, afastar os Espíritos levianos e mentirosos, tal deve ser a meta para onde convirjam os esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso, a mediunidade se torna uma faculdade estéril, capaz mesmo de redundar em prejuízo daquele que a possa, pois pode degenerar em perigosa obsessão.
O médium que compreende o seu dever, longe de se orgulhar de uma faculdade que não lhe pertence, visto que lhe pode ser retirada, atribui a Deus as boas coisas que obtém. Se as suas comunicações receberem elogios, não se envaidecerá com isso, porque as sabem independentes do seu mérito pessoal; agradece a Deus o haver consentido que por seu intermédio bons Espíritos se manifestassem. Se derem lugar a critica, não se ofende, porque não são obra do seu próprio Espírito. Ao contrario, reconhece no seu íntimo que não foi um instrumento bom e que não dispõe de toda a qualidade necessária a obstar a imiscuência dos Espíritos maus. Cuida, então, de adquirir essas qualidades e suplica, por meio de prece, as forças que lhe faltam.

- O QUE É MENTOR ESPIRITUAL E MENTOR FÍSICO ?

(Estudo Doutrinário Umbandista)

O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo; os profetas poderiam ser considerados médiuns; Sócrates era dirigido por um espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia, pois ouvia sua voz interior; Joana D'arc foi guiada pela voz de Deus, seu grande mentor. O dom mediúnico está relacionado ao seu mentor. Deus quer que este seja o seu instrutor dos interesses da alma e que seu aperfeiçoamento moral se torne o que deve ser, ou seja, o começo, o meio e o fim da vida como seu objetivo, assim explicava Allan Kardec.

O espírito humano segue uma marcha necessária, a imagem da escala de todos os que povoam o universo visível e invisível e todo progresso chega à sua hora; uns antes do que os outros, auxiliados por mentores, sejam eles encarnados ou não, visíveis ou invisíveis. O mentor tem como principal função, a orientação usando o veículo intuição; por isso, o mais importante é confiar nela, respeitá-la e ter fé, assim você conseguirá antever o futuro e se preparar contra qualquer armadilha e outros imprevistos.
Mas quem são nossos mentores? Acima de tudo, Deus, Jesus Cristo e os anjos guardiões na maioria das religiões; para os espíritas, homens e mulheres de bem que já desencarnaram e se comunicam através de veículos como a psicografia, sempre com a intenção de orientar seus protegidos; para os umbandistas, os caboclos, preto-velhos e assim por diante, isso vai depender da religião que professa. E seu nome? Quando for permitido, ele dirá, não se preocupe, porém devemos desconfiar de certos nomes bizarros ou ridículos usados por seres inferiores; os espíritos de luz são escrupulosos no tocante as providências que podem nos aconselhar; dão conselhos perfeitamente racionais e toda recomendação que se afaste da linha reta e do bom senso ou das leis imutáveis na natureza, não é digno de confiança; o fim sempre será serio e útil. Já os espíritos maus sopram a discórdia e pérfidas insinuações.

Já o mentor físico, é aquele que orienta com conselhos, confere um novo ânimo para que todos sigam em frente quando tudo parece difícil. Ele não julga, porém, esclarece; essa é a sua função. Acompanha, ensina e fortalece o grupo no crescimento em todos os aspectos, tanto na vida pessoal como profissional. Sabe de tudo um pouco, mas não invade a privacidade; apenas mostra caminhos, oferecendo alternativas, pois já vivenciou na prática experiências que outros ainda não. Ele incentiva a comunidade a buscar a informação e conseqüentemente a obtenção de mais conhecimento e sabedoria, independente do grau de instrução que as pessoas possuem. Também conta com o apoio espiritual de seus mentores; porém, assim como nas escolas gnósticas ou de Sofia, para ocorrer esta aproximação, deve existir a afinidade, confiança e respeito entre o grupo e o mentor.

Nem todos podem ser mentores; se ele tem uma vida agitada ou não tem paciência para ouvir os problemas ou se a sua visão quanto às religiões for limitada, é improvável que o seja, pois isso requer dedicação integral ao próximo. Ter uma boa reputação e com isso um valor moral justo (saber a diferenciação entre o bem e o mal) e ético (ver o bem e o mal em relação ao outrem) também contribui para ser um mentor de qualidade. Além disso, deve ter prazer em orientar e não ter isso como obrigação. Aliás, para ele, sua máxima deve ser sempre: Deus é amor, amor é Deus.

Por: Monica Buonfiglio
Umbanda - Força e Luz

- CABOCLO COBRA CORAL

O caboclo cobra coral, é muito respeitado dentro da umbanda, e também até fora dela, basta ver o trabalho que a fundação cobra coral faz no Brasil. Caboclo de um respeito, muito grande pelo ser humano e suas fraquezas, ele também é conhecido no mundo espíritual, pelo seu trabalho, trabalhador incansável que é ,em prol da umbanda. Já no astral, os chefes do submundo o conhecem e temem, pois seu trabalho já se fez sentir também por la.
O caboclo cobra coral, trabalha também com elementáis e elementares, alias eles estão dentro dos terreiros de umbanda mais que imaginamos. Ao começar seu trabalho, ele se faz acompanhar previamente de um ou dois elementais, que retiram da terra, e dos vegetáis fluidos para descarregar os filhos de fé que a sua procura vem. Alias, este é o motivo pelo qual muitos dos caboclos de sua falange não fumam(muitos, não todos).
Cobra coral, não faz o mal, ele só faz o bem. Se você ver ou ouvir um cobra coral fazer o mal, duvide, pois este não é um verdadeiro cobra coral...
Ele é muito gentil, e fala quase que corretamente o português. você não ovirá seu cobra coral, tratar alguém com grosserias, se ouvir o médiun pode estar confundindo algumas coisas.
Cacique flecheiro, comanda uma legião de espíritos que se equivalem pelo saber e copanherismo uns com os outros. Numa demanda, sabem como vence-la sem deixar mágoas, e não raras vezes, os desafetos fazem as pazes.
Trabalhador, incansável, lida com os quatro elementos e quase sempre se ouvirá falar bem dele.
Ao contrário do que se parece, o caboclo cobra coral tinha uma cobra, mas esta cobra era uma jibóia. que após a morte dela foi trocada por uma sucuri (que coisa, não).
O nome?
O nome ele, ganhou devido a pintura de seu rosto nas batalhas de sua tribo com as tribos do norte do pará.
quem tem, Xangô, Oxóssi, Yansa, E uxum em seu cumutue terá certamente a proteção deste caboclo.

- DICIONÁRIO DE UMBANDA ( 1º PARTE )

ABADÁ – É o nome dado a uma túnica larga e de mangas compridas, usada nos terreiros pelos homens.

ABARÁ – Comida dos pretos africanos como seja bolo de feijão, que vem enrolando em folha de bananeira.

ABRIR A GIRA – Significa o início ou abertura dos trabalhos nos terreiros de Umbanda.

AGÔ – Significa pedir licença ou permissão, em outros momentos em que este termo traduz perdão e proteção pelo que se está fazendo.

ALGUIDAR – Bacia de barro usada para entregas, ascender velas, deposito de banhos, entrega de comidas e defumação.

ARUANDA – Céu, Nirvana ou Firmamento significam a mesma coisa, isto é, a moradia daquele que é Criador de todos os mundos e de todas as coisas. Plano Espiritual Elevado.
ARUÊ – Espírito desencarnado

ASSENTAMENTO DE ORIXÁ – E o lugar no pegi onde é colocada a representação de Orixá, ou do seu fetiche, ponto riscado, etc.

ASSENTO – Termo utilizado para um local preparado para um Orixá ou Exu. Santuário exclusivo.

AXÉ – É a força mágica do terreiro representada pelo segredo composto de diversos objetos pertencentes as linhas e falanges. Força bendita e divina.

AZEITE-DE-DENDÊ – Óleo bahiano extraíado do dendezeiro, sendo muito utilizado na culinária dos Orixás.

- DICIONÁRIO DE UMBANDA ( 2º PARTE )

BAIXAR – Termo que quer dizer incorporação das Entidades/Orixás nos médiuns. Esse termo designia que toda entidade que vem do Céu, ou seja, de Aruanda, baixe do céu para a Terra.

BARRACÃO – Local de ritual, terreno, o terreiro fisicamente propriamente dito. O lugar principal do terreiro.

BATER-CABEÇA – Ritual que quer dizer cumprimentar respeitosamente e humildemente. Consiste em abaixar-se aos pés do congar(altar) ou a uma Entidade Espiritual e tocar sua cabeça ao chão, aos seus pés. Representa respeito e humildade.

BOLAR NO SANTO – início incompleto de transe que ocorre com os médiuns não preparados.

BOMBO-GIRA – O mesmo que exu Pomba-Gira. Denominação de Pomba-Gira em Congo.

- DICIONÁRIO DE UMBANDA ( 3º PARTE )



CABAÇA – Vaso feito do fruto maduro do cabaceiro depois de esvaziado o miolo. Utilizado também como moringa de bebida (água).

CABAIA – Assim é denominado uma túnica de mangas largas utilizada por médiuns e/ou cambones.

CABEÇA-FEITA – Denominação do médium desenvolvido e que já foi cruzado no terreiro, tendo já definido seu Orixá de cabeça. Médium que já passou pelo ritual do amaci.

CALUNGA PEQUENA – Cemitério

CALUNGA GRANDE - Oceano, mar

CAMBONO ou CAMBONE – Auxiliar de Médiuns de Incorporação e o Servidor dos Orixás. O cambone é o médium que teve o necessário desenvolvimento para poder auxiliar e entender os Guias nas necessidades das sessões. Auxiliar de culto.

CANZUÁ ou CAZUÁ de QUIMBÉ – Terreiro, casa, tenda espiritual.

CAVALO – Médium dos Guias de Umbanda.

CENTRO – terreiro, tenda de Umbanda, cazuá.

CHEFE DE CABEÇA – É um dos nomes como é designado o Guia-Chefe do médium de terreiro que tenha sido desenvolvido e cruzado no mesmo.

CONGAR – Altar, pegi

CORPO FECHADO – Nenhum espírito maléfico pode incorporar no médium, ou nenhum espírito pode trazer o mal a pessoa que tem o corpo fechado.

CORREDOR DE GIRAS – Freqüentador que passa por vários terreiros, sem ter firmado compromisso espiritual com nenhum deles.

CURIMBA – Conjunto de instrumentos musicais do terreiro. Os instrumentos que compõe uma curimba pode ser atabaques, tambor, agogôs, chocalhos, berimbau, violões, etc. Curimba é a orquestra de um terreiro.

- EVITE JULGAR AS PESSOAS




Por mais razão que supostamente se tenha em relação a outras pessoas, por mais que outras pessoas estejam em dificuldades ou inserindo em erros: evite julgar. Ninguém tem informações suficientes para fazer um veredicto e colocar-se acima dos fatos e da verdade. Quando se julga alguém normalmente nos baseamos em nossas réguas e nem sempre elas estão alinhadas em um nível superior para saber o que é o melhor, o que é certo ou o que é errado.
Neste comportamento ainda geramos uma energia que não nos é positiva. No lugar de julgar talvez seja mais prudente oferecer uma ajuda, oferecer um apoio se realmente a pessoa estiver precisando. Defeitos são parte integrante das pessoas, o que é defeito aos olhos de um, pode não ser defeito aos olhos do outro; o que é veneno para um, pode ser remédio para outro. Julgar é tirar os olhos de nós mesmos, esquecer daquilo que realmente somos e também dos erros que inserimos em nossas vidas.
Entre um erro e outro algumas pessoas se encontram; entre um erro e outro se reconhece os verdadeiros amigos; entre um erro e outro ficamos diante de nossa verdade ou de nossa mentira; assim é o caminho de quem erra, mas pior é o caminho de quem julga, pois se coloca acima dos erros. Quando perceber que está julgando alguém, tente inverter os pólos, transforme este julgamento em disponibilidade de prestar um auxilio dentro de suas possibilidades a esta pessoas, pode ser uma conversa esclarecedora; pode ser um amparo; uma sugestão que devolva esta pessoa ao caminho ou até mesmo ser uma boa-orelha, as vezes é somente isto que muita gente precisa, alguém que as ouça, alguém com quem possam desabafar.
Não julgue, ajude, você vai sentir-se melhor ajudando do que julgando.

- DICIONÁRIO DE UMBANDA – LETRA D


DAR COMIDA AO SANTO – Quer dizer o oferecimento de alimentos aos orixás, seja como parte do ritual, como pagamento de algum favor recebido.

DESCIDA – quando as Entidades Espirituais vão incorporar no médium

DESMACHE – Espécie de muleta usada em alguns terreiros como instrumento de Xangô

DESMANCHAR TRABALHOS – É tornar livre uma pessoa dos efeitos de trabalho de enfeitiçamento, como também beneficiar alguém que tenha sido vítima de magia negra.

DESPACHAR – Entregar ao Orixá o que é do Orixá. Despachar também é um termo usado para tudo que é sagrado, seja comida de santo, seja qualquer objeto sacro seja entregue num local adequado a cada Orixá.

DESPACHO – Anular um trabalho, desmanchar trabalhos de magia negra.

DICIONÁRIO DE UMBANDA – LETRA E



EBÔ – Despacho. Presente para Exu. Oferta que se oferece em encruzilhadas ou em qualquer outro local.

EGUNS – Espíritos desencarnados. Almas.

EKEDI ou EQUÉDE – São as auxiliares femininas das Mães-Pequenas. Ekedis não incorporam, mas tem autoridade sobre as Entidades como uma Mãe Pequena.

ENCOSTO – Espírito que consciente ou inconsciente, aproxima-se da pessoas vivas, prejudicando em diversos setores da sua vida (econômica, saúde, pessoal, familiar, amorosa).

ENCRUZAR – Ritual umbandista no início de um período ou sessão, consistindo em fazer uma cruz com a pemba na nuca, na palma da mão, na testa do médium e na sola do pé. Isso fecharia o corpo do médium e protegeria, fortificaria sua mediunidade e ajuda também a estabelecer uma ligação mais firme com os Guias Espirituais. No encruzamento dos médiuns é entonado um canto próprio para a ocasião

ERÊ – Espírito infantil. Criança