A maioria dos médiuns tem sua iniciação mediúnica – momento em que suas faculdades mediúnicas já despertadas passam a ser utilizadas de modo sistemático e mais intenso, dentro dos rituais e trabalhos existentes numa casa umbandista – marcada pela difícil fase da ansiedade e da adaptabilidade que esse começo representa.Ansiedade no médium iniciante pode trazer algumas situações desconcertantes como :
Ficar pensando de modo intenso nas coisas ligadas à espiritualidade;
Ficar com os pontos cantados ecoando na mente;
Ficar cantando a qualquer momento e lugar os pontos cantados;
Conversar somente sobre o assunto espiritualidade a qualquer oportunidade em que hajam mais pessoas que pertençam à mesma religião ou casa;
Ler muitos livros sobre o assunto, querendo esgotar todos os pontos de dúvidas;
Querer conhecer tudo sobre a Umbanda num espaço de tempo curto;
Ter sonhos constantes com rituais, entidades, trabalhos;
Ficar vendo em qualquer situação algum tipo de ligação com a espiritualidade;
Não parar de preocupar-se em manter-se dentro das condutas que sua casa pede;
Querer incorporar logo;
Ficar muito preocupado se está mesmo incorporando uma entidade ou se está apenas imitando uma entidade;
Desejar ardentemente que tenha a inconsciência durante as incorporações;
Querer aprender tudo sobre os rituais que sua casa pratica, chegando ao ponto de perguntar de tudo a todos os demais médiuns mais experimentados;
Querer saber tudo, através de relatos de outros médiuns, o que ele fez quando estava incorporado, o que a entidade falou, deixou de fazer;
Passar a realizar em seu próprio lar, uma verdadeira transformação de hábitos, querendo que todos tomem banhos de defesa, defumem-se, orem, cantem, entre outras coisas;
Querer erigir algum tipo de altar ou espaço sagrado em seu lar, tentando imitar o mais perfeito possível a quantidade de imagens, a disposição dos santos que há em seu templo umbandista;
Querer que suas entidades receitem rapidamente a confecção ou aquisição das guias (colares) e quanto maior o número de guias melhor;
Desejar ardentemente que tenha incorporações “fortes”, isto é, que as entidades já venham de modo com que não gerem dúvida a ninguém;
Que suas entidades já risquem seus pontos e que seja algo bem impressionável;
Que suas entidades deêm logo seus nomes e torce para que sejam nomes “fortes” e conhecidos;
Querem decifrar todos os símbolos que suas entidades desenharam em pontos riscados;
Querem saber da história, vida, ponto cantado e tudo o mais sobre suas entidades;Essas situações e mais outras não citadas são consideradas até normais e encaradas por aqueles outros médiuns mais tarimbados como coisa comum de se acontecer. E de fato é.O que o dirigente e os médiuns mais experientes devem fazer é aconselhar esses neófitos, direcioná-los em atividades que os tirarão um pouco desta fixação, é ouví-los e explicar cada uma das dúvidas e dificuldades existentes.Toda essa ansiedade é temporária e assim que o novo médium for tendo mais e mais experiências, ele passa a lidar de modo mais natural, menos ansioso e aflito com essas situações.O tema deve ser abordado de modo atencioso, respeitoso, prático e esclarecedor para poder dar melhor formação espiritual e criar uma estrutura mediúnica mais eficaz à própria casa, uma vez que estes novos médiuns passam a compor o já formado corpo mediúnico da casa, fazendo número e qualidade na força da corrente da casa umbandista. Disperdiçar a chance de esclarecimento quando esses médiuns estão ávidos por conhecimento e abertos para serem direcionados é deixar ao acaso a responsabilidade da formação destes médiuns, podendo levá-los a vícios, “cacoetes” e maus hábitos mediúnicos que nunca mais poderão ser retirados.
E o velho adágio popular é verdadeiro : “Pau que nasce torto, morre torto”...
Há muitos terreiros em que os exus falam muitos palavrões. Isso é normal deles ou é mistificação do médium?
Isto é relativo, eles são escrachados mesmo, mas deve-se analisar o contexto. Às vezes eles nos xingam para chamar atenção para alguma “idiotice” que estamos fazendo em nossas vidas... Caso sejam palavrões gratuitos, aí se deve analisar.
Mas sim, existia e ainda existe muita mistificação dos médiuns em relação aos exus. Antigamente, para mostrar “quem tinha o exu mais forte”, os médiuns transformavam os terreiros em verdadeiros shows de horrores, comiam toco de vela acesa etc., hoje isso já não é mais “tão comum”, mas creio que ainda há bastante por aí se procurar. Contudo, há exus com comportamentos estranhos mesmo, vozes guturais, linguajares muito característicos etc.; às vezes falta esclarecimento de quem assiste, aí julga de qualquer forma.
Irei dar um exemplo, meu guia chefe às vezes rosna (é igual a um animal mesmo). Antigamente eu chegava a me babar quando ele fazia isso... Em muitos terreiros que frequentei, achavam que era uma entidade baixa etc., enfim... Eu sabia o motivo, a entidade é um mestre xamanico milenar, às vezes ele se manifesta meio que na forma de um grande lobo branco, por isso o comportamento “bizarro” para quem não sabe o que está ocorrendo.
Outra pessoa também trabalha com um exu que rosna. Ao perguntar a outro exu o porquê daquilo, o exu em questão lhe respondeu que, na verdade, o exu que rosnava estava trabalhando algumas coisas no chacra laríngeo para melhorar a psicofonia.
Muitos aparelhos (médiuns) acham que os exus dançam, mas eles se movimentam com sincronia e ritmo. Para estas pessoas os exus estão dançando, mas é, na verdade, “trabalho” através do movimento, ou seja, é uma forma de manipulação de energia yantrica.
Os guias e exus gritam, gargalham, assobiam... Este é o trabalho deles na energia mântrica (som).
Fonte: pagina Exu Mulher, feito por Natalia Boechat