sábado, 1 de junho de 2013

OS OGÃNS E OS PONTOS CANTADOS

Com o ponto cantado seguramos a irradiação e sustentamos todo um trabalho. Sei que muitas casas não adotam o Toque e o Canto, mas observo que a união perfeita entre o Atabaque e o Canto tem um poder de realiza...Ver mais
 
 sem você, aquilo ali não é nada.

Experimenta incorporar sem atabaque? Alguém consegue? Até consegue, mas não vai ser tão eficaz como com um atabaque.

Uma Curimba em uma casa de trabalhos espirituais tem como função abrir, manter, sustentar e fechar os trabalhos espirituais de uma forma harmoniosa e clara.

E outra, você tem que saber separar os tipos de ponto.

Vale também lembrar, que a palavra “Ogã”, é de origem Yorubá, que significa em nossa língua “Senhor da minha casa”. Portanto, a curimba deve ser encarada como uma função de grande honra e importância, para quem dela participa diretamente.

É obrigação de todo Ogã, conhecer os diversos ritmos dos pontos e o momento certo de cantá-los. Devem também, saber o nome de todas as entidades espirituais que trabalham em seu terreiro, saber distinguir rapidamente uma entidade de outra, e saber sempre, na ponta da língua, todas as saudações destinadas aos guias, protetores e orixás, da nossa querida Umbanda.

É muito importante, que o ponto seja cantado de forma correta. Devemos analisar a letra e a melodia , e cantar com muito respeito e emoção, sem gritaria e sem brincadeiras. Afinal, o ponto é uma prece, portanto, vamos cantar com muito amor e devoção.

Os pontos cantados são divididos conforme suas caraterísticas, pois cada tipo de ponto serve para um determinado fim.

HINOS

São entoados em cerimônias especiais, tais como a comemoração de fundação de um terreiro, formaturas de sacerdotes, apresentações públicas, e em reuniões onde encontram-se várias personalidades civis da Umbanda.

ABERTURA

São entoados para dar início aos trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.

ENCERRAMENTO

São utilizados par encerrar os trabalhos espirituais, sejam eles de qualquer natureza.

BATER CABEÇA

Utilizados pelo corpo mediúnico em geral, para fazerem suas saudações aos guias, protetores e orixás, diante do congá.

DEFUMAÇÃO

Cantados quando é efetuada a queima das ervas aromáticas, durante o ritual de defumação.

CHAMADA

Pontos utilizados para chamar as entidades espirituais, no local onde estão sendo realizados os trabalhos.

SUBIDA

São entoados no momento em que, as entidades que estão em terra, estão se preparando para fazerem o retorno ao plano espiritual.

DESCARREGO

São cantados para firmar as linhas que irão trabalhar no descarrego, e também, para firmar as falanges que vão atuar na cobertura.

VISITA

São apropriados para receber, saudar e despedir-se de um visitante, ou para entrar e sair de um terreiro visitado.

SAUDAÇÕES

São melodias usadas para homenagear autoridades, presentes no terreiro, ou em apresentações publicas.

POVOS

São utilizados para exaltar os povos (Baianos, Ciganos, Marinheiros, Boiadeiros, Povo da Rua e etc.). São pontos secundários (cruzados) e exclusivos a estas entidades, onde através dos mesmos, fazemos nossas saudações e agradecimentos. Não existe pontos primitivos para os povos, pois todas essas entidades espirituais, obedecem ao comando de um determinado orixá.

PRIMITIVOS

São pontos que citam especificamente um orixá. Nesses pontos entram somente, o nome do orixá, armas, adereços costumes e etc. Não entram nomes de caboclos ou entidades espirituais que trabalham nas respectivas linhas dos orixás, nem o nome de um outro orixá.

Quando os pontos primitivos são utilizados?

Homenagem ao orixá.
Obrigações.
Quando não se sabe o nome de uma entidade que trabalha na vibração de um determinado orixá.
CRUZADOS

São os pontos que citam mais de um orixá, ou entidades espirituais que trabalham na vibração desse orixá. Nestes pontos é comum o cruzamento do orixá e tudo que diz respeito a ele e aos guias de sua falange.

Quando os pontos cruzados são utilizados?

Para especificar o nome de uma ou mais entidades.
Para especificar o nome do orixá e seus guias.
Para chamada especifica de uma entidade.
Na necessidade de se cruzarem duas ou mais vibrações.
SACRAMENTOS

São cantados em ocasiões especiais, onde são realizadas cerimônias de casamentos, batizados etc.

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O responsável pelo toque, o Ogã, tem de ser bem preparado e Coroado ou Iniciado como Ogã para exercer tal função em um Terreiro, pois além de serem médiuns intuitivos, são Sacerdotes natos, aqueles que nascem com a função de falar por um Orixá, de serem um Instrumento puro dos Orixás e fazem isso através de suas mãos e cantos.

Poderíamos chamar tudo isso de “magia do som” dentro da Umbanda, pois não é simplesmente evocar uma Divindade, mas é chamado de magia por envolver toda uma “cadeia” onde o som da curimba atua nos médiuns positivando-os e equilibrando-os. Infelizmente, não temos visto nos templos de Umbanda uma preocupação com a qualidade da curimba, ou seja, com o conjunto de vozes e toques de atabaques.

Há Casas em que os atabaques são “tocados” com tanta força que parece que os Ogãs estão descarregando sua energia e sentimentos positivos e ou negativos nos couros dos instrumentos e não é possível ouvir as letras dos pontos cantados às vezes, nem mesmo a melodia.

Mulheres também podem ser atabaqueiras e curimbeiras, SIM! O “cargo” de ogã vem do candomblé e apenas é dado a pessoas do sexo masculino. A mulher no Candomblé não toca atabaque, por alguns dogmas da religião, principalmente em relação à menstruação. Na Umbanda não importamos dogmas e conceitos do candomblé, mas sim seguimos os nossos, passados diretamente pelos nossos guias e mentores. Nuca vimos um caboclo ou preto – velho proibindo mulher de tocar atabaque, por isso afirmamos, na Umbanda mulher toca e canta sim e, diga – se de passagem, muitas vezes melhor do que os próprios homens.



Quando os Guias, incorporados fazem sua saudação à frente dos atabaques, estão saudando as pessoas que tocam, estão pedindo para que as forças movimentadas pela curimba sejam benéficas a todos, mas estão principalmente, saudando e agradecendo a toda essa corrente de trabalhadores “anônimos” do astral. Estão percebendo como muita coisa foge aos nossos sentidos em uma “simples” e humilde gira de Umbanda?